segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Pilotagem - Aprendendo sobre o traçado de uma curva

Vou postar alguns tópicos sobre a arte da pilotagem. Para andar com um carro em linha reta, é muito simples, basta acelerar e manter o alinhamento do carro. Mas e para fazer curvas? Bom, fazer uma curva em alta velocidade exige do piloto muita destreza, conhecimento do carro e da pista, além de dominar alguns conceitos e técnicas.
Vou transcever aqui alguns trechos do livro "Race Kart Driving” dos Autores Bob Bondurant e Ross Bentley com tradução feita por feita por Eduardo Moreira e também trechos do site TurnFast.com traduzidos para o portugues. Claro que pilotar no asfalto, é muito diferente de pilotar na terra, mas o conceito para se fazer uma curva segue basicamente os mesmos princípios.
Vamos lá:

Raio de Curva = Velocidade x Tração
O que é mais fácil, pilotar em linha direta ou em uma curva? Em qual delas você pode ir mais rápido? Na reta, certo? Isso deveria lhe dar uma boa dica sobre o tema mais importante que está detrás da pilotagem em curvas: quanto mais reto você pilotar, mais fácil será e mais rápido você estará.
A forma para se conseguir isso é pilotar, nas curvas, ao longo de traçado com o maior raio possível. Em outras palavras, transforme as curvas em retas o máximo possível.
Tentemos fazer uma pequena experiência. Amarre um pequeno peso (um par de porcas, por exemplo) em um pedaço de barbante de meio metro de comprimento. Gire o barbante ao redor sua cabeça e perceba a velocidade e a força centrífuga puxando o peso para fora.
Pegue o mesmo peso, amarre-o a um pedaço de barbante de cerca de dois metros de comprimento e faça a mesma coisa. Você vai notar que, quando você estiver girando o peso, ele estará muito mais rápido com a mesma força centrífuga.
Agora, imagine seu kart como se fosse este peso, passando por duas curvas, uma com um raio de meio metro e outra com um raio de dois metros. Assim como o peso na ponta do barbante, o carro estará sendo pilotado mais rapidamente quando seguir um raio maior.
O objetivo ao contornar uma curva, ou uma série de curvas, é obter a máxima velocidade possível na saída da curva, ou na última curva de uma série. Não é necessariamente obter a máxima velocidade dentro da curva, nem mesmo a maior velocidade no meio da curva. A última saída de curva antes da reta é o segmento mais importante. A velocidade de saída determina a velocidade através e ao final da reta. Se você puder aumentar a velocidade média de toda a reta, isso causará maior impacto do que uma média mais alta durante o curto percurso desde a entrada da curva, ou através dessa mesma curva.


Pontos de Referência
Antes de prosseguir, é importante lembrar que qualquer discussão sobre tomada de curva deveria começar pela definição dos pontos de referência que você usa em uma curva. Há três pontos chave que devem ser usados como referência: ponto de entrada, ápice e saída. Essas referências também devem ser associadas ao ponto de frenagem na aproximação para a curva. É claro que a pilotagem deve ser um caminho contínuo e coerente entre estes pontos
Para obter tempos consistentes, o piloto precisará um conjunto de pontos de referência para marcar as etapas de uma curva, de modo que a linha possa ser percorrida de forma idêntica a cada volta. Ao se aproximar de uma curva, o piloto precisa um ponto fixo para usar como referência para iniciar a tomada (turn-in). Adivinhar a cada vez ou "tocar de ouvido" vai garantir que o piloto tomará a curva muito cedo algumas vezes, e muito tarde em outras. O resultado são tempos de volta inconsistentes e mais lentos do que deveriam, e vai dar uma vantagem para os competidores mais consistentes. Para evitar isso, nas sessões de prática o piloto
deve determinar rapidamente o ponto correto para iniciar a tomada e encontrar um ponto visual fixo para usar como referência.
A seguir vem o ponto de tangência (apex). Esse é o alvo que o pneu interno do carro
deveria tocar ao atingir o ponto máximo dentro da linha da curva. Outra vez, sem um ponto fixo para atingir, serão obtidos tempos inconsistentes e mais lentos.
Por último, vem o ponto de saída (exit point). Esse é o alvo que o carro atingirá depois da tangência na extremidade oposta da pista e aponta perfeitamente para a reta a seguir, ou é direcionado para a próxima curva.
Em qualquer dos casos, o ponto de referência deveria ser um ponto permanente. Uma marca de pneu na pista não é bom. Outras marcas que aconteçam depois podem apagar a original. Da mesma forma, uma pedra, arbusto ou tufo de grama ao lado podem ser questionáveis se eles estiverem em condições de serem atropelados por algum carro que saia da pista. Você deveria olhar por marcas inconfundíveis da própria pista, se possível.


Ponto de Entrada
O ponto de entrada é exatamente o que a palavra diz: o ponto onde você começa a
virar o volante para fazer a curva. Na maioria dos casos, o local e a velocidade em que você ataca o ponto de entrada irá determinar a linha ou caminho você fará o resto da curva — irá determinar onde você encontrará ápice e a saída da curva.
A tomada da curva (turn-in) é um dos pontos onde o carro estará mais sensível a
transferências de peso bruscas da mesma forma que se estivéssemos dirigindo sobre o gelo.
Freadas indecisas precisam de um toque a mais no freio de última hora, ou uma tirada de pé repentina desequilibrará o manejo do carro e forçará o piloto a desacelerar para retomar o controle, isso se tiver sorte de evitar uma rodada.


Ápice ou Tangência
Freqüentemente o ápice, em uma curva, não se encontra em um único ponto, mas uma área. É a área da curva onde você está tangenciando-a. É descrito, às vezes, como aquele ponto onde você passa da entrada da curva para a sua saída. A área de ápice pode ser um único ponto, de poucos centímetros de comprimento, onde você toca a extremidade interior de uma curva fechada, ou pode ter muitos metros
de comprimento, em uma curva aberta.

Saída
O ponto de saída de uma curva é o lugar onde o kart volta a andar em linha reta.
Como o segredo está em usar toda a superfície da pista, isso significa que o ponto
de saída normalmente estará no lado externo da pista. Isto ajuda aumentar o raio
da curva, fazendo com que ela fique "mais reta" do que se você ficasse mais para o
meio ou para dentro da pista

Linha Ideal
O traçado, ou linha (line) que você percorrer através da curva determinará a velocidade de saída. Em geral, a linha mais rápida de contorno da curva é aquela que permite o maior raio, ou o caminho mais reto. Como o carro pode andar mais rápido contornando uma grande curva do que uma curva fechada, o caminho mais curto através da curva raramente é o mais rápido.



Para ilustrar os conceitos mostrados
até aqui, o ensinamento clássico é
observar uma curva de 90 graus. Na
figura ao lado, a linha pontilhada
segue o traçado da pista. A linha
sólida indica o caminho que maximiza
o raio da curva, ou tenta tornar a
curva tão reta quanto possível. Como
você pode ver, há uma diferença
significativa no traçado que segue a
linha externa da pista comparado ao
que utiliza toda a largura da pista.



A figura ao lado agora exibe a linha de
raio longo mostrada anteriormente na
linha pontilhada. A linha sólida mostra
um traçado conhecido como tangência
tardia (late apex). Esse traçado
desloca para mais adiante o ponto de
tangência da curva. A tangência tardia
endireita o caminho de saída do carro,
dessa forma permitindo ao piloto
retomar aceleração mais cedo. Isso
aumenta a velocidade de saída e
conseqüentemente expande a reta, o
que levará a uma velocidade final
maior ao término da reta.



Enquanto o traçado que usa a linha geométrica é mais rápido que a linha natural da pista, ainda existe uma técnica mais rápida para a maioria das curvas. A essa técnica chamamos tangência tardia (late apex). Atrasando o ponto de tomada (turn-in point), e começando a curva um pouco mais fechada, o carro pode ser apontado para a tangência (apex) mais além do ponto de tangência geométrico. Isso "endireita" a segunda parte da curva, permitindo ao piloto retomar aceleração mais cedo. O carro terá que estar um pouco mais lento no momento da tomada, mas a velocidade de saída de curva será maior. É essa velocidade de saída que dará ao piloto maior velocidade na reta que irá reduzir o tempo da volta.


Com a informação que você tem agora, você pode pensar que determinar a linha ideal de qualquer curva – aquela que resultaria no tempo de volta mais rápido – seja algo simples.
Pegue aqueles três pontos (o ponto de entrada, o ápice e a saída) e una-os em um arco que resulte no maior raio possível ao longo da curva. Esta linha geométrica é o traçado mais rápido para se percorrer a curva. No entanto, ao se pilotar em uma pista de corrida, você também tem de considerar as retas que conectam as curvas. Na realidade, embora as curvas sejam mais que um desafio, as retas podem ser mais importantes. Por quê? Primeiro, porque na maioria das pistas você gastará mais tempo nas retas do que em curvas. Isso significa que há mais tempo para se ganhar ou para se perder nas retas. Segundo, porque as retas são os lugares onde você estará pilotando mais velozmente, o que significa, mais uma vez, que há mais para ganhar ou perder. E, finalmente, é muito mais fácil de passar seus competidores retas que nas curvas.
Assim, o principal objetivo da linha ideal é fazer as curvas de um modo tal que você seja não apenas rápido na curva, mas também na reta seguinte.

A linha geométrica que vai do ponto de entrada da curva, no lado externo da pista, ao ápice, localizado no ponto mais interno da curva, e finalmente ao ponto de saída, novamente no lado externo da pista, é o percurso mais rápido que se pode pilotar uma curva específica... mas não é necessariamente o traçado ideal a ser usado para toda a pista.

No próximo post, veremos alguns tipos de curvas

Um comentário:

  1. tangência tardia é quando o galvão bueno fala: "atrasou a freada" para sair mais forte?
    ou o famoso "X" para se recuperar de uma ultrapassagem? meu e-mail: leonardolesina@hotmail.com Excelente documentário!!

    ResponderExcluir